Evento

El I Encuentro Internacional de Poesía

100+1 años de João Cabral de Melo Neto

ofrecerá conferencias, mesas de

exposiciones orales y

minicursos sobre:

  • teorías y críticas de la poesía,
  • modernidad y crisis del verso,
  • poesía y otras artes,
  • la poética de João Cabral de Melo Neto,
  • poesia brasileña moderna y contemporânea,
  • lectura de poesía y poesía latino-americana.

Sesiones de comunicaciones propuestas por alumnos de los cursos de grado, postgrado, maestría y doctorado en Letras y otras áreas afines, así como profesores, investigadores y profesionales cuya actuación y estudios están relacionados con los ejes temáticos del Encuentro:

  1. Poesía brasileña y la crítica
  2. Teorías de la poesía
  3. Poesía, otras artes y otras multimedias
  4. Poesía moderna y contemporânea
  5. La poética de João Cabral
  6. Relaçiones entre poesía y prosa
  7. Poesía y enseñanza

 

El evento ofrecerá um Sarao de poemas promovido por estudiantes de grado en Letras de la Facultad de Ciencias y Letras de la UNESP, campus Araraquara y exposición virtual de poemas.

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    Comisiones

    COMPOSICIÓN DE LA COMISIÓN ORGANIZADORA DEL 1º EIP

    Fabiane Renata Borsato (Unesp Araraquara)

    Guacira Marcondes Machado Leite (Unesp Araraquara)

    Ana Carolina Miguel Costa (Unesp Araraquara)

    Brendon de Alcantara Diogo (Unesp Araraquara)

    Daniel Rodrigues da Luz (Unesp Araraquara)

    Eli Oliveira Dias (Unesp Araraquara)

    Elisa Colombari Adorni(Unesp Araraquara)

    Giovanna Jesus Gonçalves Julio (Unesp Araraquara)

    Heloísa Helena Ribeiro (Unesp Araraquara)

    Laura Muriel Costa (Unesp Araraquara)

    Lucas Almeida Dalava (Unesp Araraquara)

    Luiza de Toledo Teixeira (Unesp Araraquara)

    Vinícius Luis Bocanegra (Unesp Araraquara)

    COMPOSICIÓN DE LA COMISIÓN CIENTÍFICA DEL 1º EIP

    Adalberto Luis Vicente (Unesp Araraquara)

    Brunno Vinicius Gonçalves Vieira (Unesp Araraquara)

    Cristiane Rodrigues de Souza (UFMS/CPTL)

    Fabiane Renata Borsato (Unesp Araraquara)

    Fabiano Rodrigo da Silva Santos (Unesp Assis)

    Francine Fernandes Weiss Ricieri (Unifesp)

    Guacira Marcondes Machado Leite (Unesp Araraquara)

    Joelma Santana Siqueira (UF – Viçosa)

    Leila de Aguiar Costa (Unifesp)

    Márcio Natalino Thamos (Unesp – Araraquara)

    Marcos Antonio Siscar (Unicamp)

    Osvaldo Fontes Filho (Unifesp)

    Pedro Marques Neto (Unifesp)

    Solange Fiuza Cardoso Yokozawa (UFG)

    Apoyo:

    Programa de Posgrado en Estudios Literarios

     

    Facultad de Ciencias y Letras – Unesp campus Araraquara

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    Palestrantes

    Cristiane Rodrigues de Souza

    Professora Doutora e Docente na UFMS/CPTL

    Mário de Andrade, o rio e a filosofia oriental

    Resumo: Em “A meditação sobre o Tietê”, poema de Mário de Andrade publicado em Lira paulistana (1945, publicação póstuma no ano seguinte), o eu lírico volta o olhar sobre si mesmo, ao se ver, como Narciso, nas águas escuras do rio. No entanto, misturado ao reflexo que revela o percurso de poeta e de intelectual, aparece o outro, já que o eu lírico se percebe fundido de maneira angustiada à civilização-água insalubre. Dessa forma, ele se compreende, por meio da experiência do próprio corpo, não apenas como uma subjetividade isolada, mas como um ser que se constitui por meio da entrega – aos brasileiros, ao rio, à noite –, apreendendo a dor e a opressão que formam a paisagem. Assim, na “Meditação” há a consciência e a dor de tudo amar, na maneira como aparece descrita, em 1940, em carta de Mário de Andrade a Oneyda Alvarenga. “Tudoamar”, na medida em que configura a transformação do eu no outro, implica o conhecimento direto e profundo da alteridade que ultrapassa formulações racionais. Assim, o sujeito de “A meditação sobre o Tietê” está perto da experiência sensível do corpo e da alma, próximo ao estado preconizado pelo zen, aproximando-se, dessa forma, da filosofia oriental que está na base da formação de intelectual e de poeta de Mário de Andrade.

    D1G1T0 – Indivíduo colectivo

    Coletivo D1G1T0 (Ana Gago; Diogo Marques; João Santa Cruz)
    Criado em 2015, a partir dos cruzamentos (in)disciplinares entre arte, ciência e tecnologia, D1G1T0 (wr3ading d1g1t5) tem-se debruçado sobre o potencial dos meios digitais enquanto questionamento auto e metarreflexivo no que diz respeito aos processos de escrileitura e às materialidades daí derivadas. Enquanto coletivo (ciber)literário, e na senda de uma tradição experimentalista iniciada com o movimento da Poesia Experimental Portuguesa (PO-EX), D1G1T0 explora aspetos da criatividade computacional, nomeadamente através da reinterpretação do património imaterial literário em língua portuguesa. Resultantes de processos colaborativos, as suas obras convocam leituras multisensoriais, a várias mãos [(ou dígitos) que escrevem e leem. De entre as várias exposições e festivais de arte em que participaram contam-se PLUNC 2015, FOLIO 2017, FILE 2017, ARTeFACTo 2018 e ELO 2021.

    + info: https://wreading-digits.com

    “Problema 15: A Educação pela Pedra” (uma homenagem ciberliterária a João Cabral de Melo Neto)
    RESUMO: Nas comemorações do centenário do nascimento de João Cabral de Melo Neto, o coletivo D1G1T0 [wreading-digits.com] propõe uma releitura ciberliterária do poema “A Educação pela Pedra”, em tensão espiralar com o problema mecânico n.º 15 de Aristóteles (“sobre a esfericidade das pedras existentes junto à costa”). Tratando-se de um ciberpoema de assumida natureza plagiotrópica, no contexto específico do I Encontro Internacional de Poesia UNESP, “Problema 15: Educação pela Pedra” será abordado pelos seus autores partindo de uma análise conjunta ao trabalho recente do coletivo no âmbito da Ciberliteratura em língua portuguesa. A análise do referido conjunto de obras servirá, ainda, como ponto de partida para uma reflexão alargada sobre a poesia perante o paradigma (pós-)digital, tendo como base uma experiência de tempo diametralmente antagónica: a do tempo da pedra (filosofal e/ou concreta).

    Edmilson Ferreira dos Santos

    É repentista profissional e mestre em Linguística pela UFPB, professor na Escola Estadual Maria Emília Romeiro Estelita, em Olinda-PE e apresenta o programa Prosa de Mestre, em seu canal no YouTube, Facebook e Twitch TV.

    Cantoria de Repente como gênero da Cultura Popular

    Resumo: A Cantoria de Repente, enquanto gênero da cultura popular, se perfaz na/pela linguagem. Como tal, é ponte entre os sujeitos envolvidos e seus mundos, sócio-histórico e espacialmente delimitados. Sua literariedade coloca em evidência o plano da expressão poético-musical, cuja improvisação é o componente central da performance e recria os conteúdos na sua organização sociocomunicativa. Por isso é interface, porque medeia uma relação de natureza dialógica (BAKHTIN, 2002), cuja reflexão sobre a linguagem está fundada nas múltiplas vozes e vocalizações que se defrontam. É complexa, porque se constitui de normas objetivas que exigem habilidades específicas para sua execução, ao mesmo tempo em que se reveste de imagens poéticas valoradas subjetivamente. Regras composicionais rígidas, como rima – sonora e gráfica –, padrões métricos – que variam de acordo com as modalidades performatizadas –, variedade temática e uso consciente de recursos linguísticos diversos tornam o ato de cantar de improviso algo desafiador para o repentista e atrativo para o público, cuja recepção (JAUSS, 1994) advém das expectativas que dizem respeito ao conhecimento prévio do gênero e da forma, sempre permeáveis a um novo repertório. Com base nesta concepção dialógica da linguagem repleta de requisitos objetivos e subjetivos, pretende-se discorrer acerca da relevância da arte do repente enquanto gênero, sua complexidade e sua aplicabilidade nos mais variados contextos interativos, possibilitando reflexões que ultrapassam a mera performance verbal. Busca-se, também, à luz de Zumthor (2007) e Santos (2019), averiguar os diferentes mecanismos presentes nos atos performáticos do repentista, que partem dos seus corpos: vocalização, movimentos, gestos e demais ações, dentro e fora do espaço de atuação. Isto porque, segundo Zumthor (2010), a oralidade não se reduz meramente à ação da voz, mas a tudo que em nós se remete ao outro. O corpo, na Cantoria de Repente, nesta compreensão, não apenas oraliza, mas fala; é suporte, ponto de partida e de chegada – via performance – da linguagem e suas múltiplas possibilidades de se dizer, nas inúmeras estratégias de expressão. Os estudos voltados para esta temática apontam para a importância do fortalecimento das manifestações populares como reforço identitário dos sujeitos envolvidos.

    Edneia Rodrigues Ribeiro

    Doutora em Letras-Estudos Literários (UFMG) e Professora de Literatura (IFNMG – Campus Montes Claros)

    Imagens da Espanha em poemas inéditos de João Cabral de Melo Neto

    Resumo: Desde 1947, quando se torna vice-cônsul do Brasil em Barcelona, é notório o interesse de João Cabral de Melo de Neto pela Espanha, conforme atestam Ricardo Souza de Carvalho e Helânia Cunha de Sousa Cardoso, entre outros estudiosos. Neste trabalho, será analisada a recorrência de temas hispânicos nos textos inéditos descobertos no espólio documental do poeta sob os cuidados do Arquivo-Museu de Literatura Brasileira, da Fundação Casa de Rui Barbosa. Entre os 53 poemas publicados na Poesia Completa de João Cabral (2020), destacam-se “Marina de Andaluzia”, “As roupas de tourear de Manolete” e “Retrato de Picasso vestido de caçador”. Serão apresentados, ainda, “À nova Espanha” e “Tento descrever-te Sevilha” que, devido a dúvidas acerca da caligrafia de João Cabral, não foram incluídos na seção de Inéditos da sua Poesia Completa.

    Emílio Tavares Lima

    Graduado em Ciência da Comunicação e da Cultura pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, em Lisboa, Técnico de Comunicação na Escola Secundária de Sacavém, Coordenador do Projeto “Djorson Nobu – Nova Geração”, Prêmio “Best of Guiné-Bissau Awards”, na categoria da literatura, em 2018 e 2019.

    Alta Definição Poética

    Resumo: A minha comunicação pretende apresentar o que conceituo como “Alta Definição Poética”, ou seja, a poesia como linguagem de intervenção e declamação/dramatização. Devo traçar um paralelismo entre as tradições orais em África e a tradição grega. O objetivo da comunicação é projetar aquela que é hoje considerada parente pobre da literatura, a poesia, ao mais alto grau de socialização, pois assim como a poesia gozou de grande prestígio na civilização do povo Grego, declamada em praças públicas, na tradição guineense os Griots, Djidius e anciãos preservaram as suas memórias e tradições contando histórias e cantando poemas. Minha fala será costurada pela leitura dramatizada de alguns dos meus poemas, buscando problematizar a poesia como canto e dar coesão às minhas reflexões que querem contrariar a volatilidade da memória e aproximar poesia, oralidade e canto… tudo com energia dramática e dinamismo para captar atenção da audiência com meus sonantes poemas.

    Fabiane Renata Borsato

    Doutora em Estudos Literários e Professora da FCL – Unesp Araraquara

    Pernambuco e Sevilha na poesia de João Cabral

    Resumo: Pernambuco e Sevilha são apresentadas por João Cabral de Melo Neto como duas regiões de aprendizagem da linguagem poética por possuírem paisagens e culturas em que o poeta encontrou temas, formas artísticas e ritmos matriciais de sua poesia. Em estudo anterior, verifiquei que as regiões de Sevilha e Pernambuco, quando justapostas, alteram a habitual configuração física das paisagens pernambucanas ao suplantar os aspectos sociais e humanos recorrentes em poemas que dão a ver Pernambuco. Neste trabalho, analisarei alguns poemas que não justapõem as corografias de Pernambuco e Sevilha para compreensão da perspectiva adotada pelas vozes poéticas e do andamento rítmico desses poemas quando apresentam separadamente as duas paisagens, considerando o contexto de criação dos textos poéticos.

    Fabiano Rodrigo da Silva Santos

    Doutorado em Estudos Literários, pela Unesp, Faculdade de Ciências e Letras, Campus de Araraquara e Docente na Unesp de Assis.

    Crise da eloquência e sublime elíptico na poesia simbolista brasileira

    Resumo: As presentes considerações investigam a mudança ocorrida na poética do sublime entre o romantismo e o simbolismo brasileiro que atesta uma espécie de crise da eloquência, com consequente abertura da poesia à dimensão da sublimidade elíptica.  A repercussão dos debates promovidos por Mallarmé e seus discípulos acerca da essência do fenômeno poético, entrevista para além das convenções da lírica, pautadas no imperativo do verso, das estruturas rítmicas fixas e de sistema imagéticos previsíveis junto ao ambiente letrado brasileiro parece impelir os poetas simbolistas locais à revisão de certos referenciais poéticos, em particular no que tange à plasmação dos fenômenos enfeixados pela linguagem do sublime. Restauradores da cosmovisão idealista que enformava a concepção de poesia romântica, os simbolistas brasileiros também serão, como a geração anterior, assombrados pelas ideias do absoluto, da totalidade e da transcendência, que ocuparam a dicção eloquente e encantatória do romantismo tradicional, que entre nós teve expressão mais bem acabada na poesia de Castro Alves. Com efeito, Castro Alves porta lições de pasmo diante da grandeza que sulcam sensivelmente o ideário poético de fim do século XIX, ecoando, por exemplo, na impetuosa voragem das imagens evocativas de um Cruz e Sousa, mesmo que nesse poeta, tais influxos sejam assimilados pela modalidade da ode à catástrofe, haurida da leitura de Baudelaire. Todavia, o modelo de eloquência oferecido por Castro Alves sofre um esfacelamento na dicção da poesia simbolista, engendrada em ambiente permeável à crise do ideal, à perda da aura, à decadência.  Junto aos nossos simbolistas, a grandeza surge como dinâmica inefável a debater-se constrangida pelos limites da forma fixa e dos esquemas retóricos convencionais.  O sublime, então, não se conforma com a imagem estável, mas se precipita na alegoria fragmentária e como procedimento estrutural impele a metáfora à elipse e o verso ao limite.  Fragmentação do ritmo, metáforas obscuras, alternância entre canto, silêncio e melopeia, distendida em intrincados enjambements ou mesmo, eventualmente, no fluxo singular do poema em prosa, são algumas das alternativas apresentadas pela poesia simbolista brasileira para plasmar a experiência de confronto com a grandeza para além dos limites da poesia da eloquência.

    Fani Tabak

    Professora Doutora em Estudos Literários, Pós Doutora na University of Nottingham (UK) em Literatura Comparada, Coordenadora GT Mulher e Literatura Anpoll. Professora associada da Universidade Federal do Triângulo Mineiro.

    Poesia e autoria feminina

    Resumo: Em 2009, em uma edição do Seminário Mulher e Literatura, Maria Teresa Horta fez uma emocionante apresentação sobre a concepção de poesia que tem e como ela se relaciona com a sua própria escrita. Horta menciona a tensa e profunda relação entre o ler e o escrever, uma fusão que se encontra em uma imagem de fusão de águas, correnteza de rio. A partir de sua fala, fica evidente a relação entre a construção da poesia e a subjetividade inerente à condição da mulher. A partir dessa perspectiva, que dialoga com a ideia de que a linguagem carrega marcas profundas de quem a usa, estabelecemos uma leitura da poesia de autoria feminina que revela no construto poético a aproximação feminina dos aspectos da vida.

    Francine Weiss

    Mestre em Literatura Brasileira, Doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada pela UNICAMP, Pós- doutorado no IEL/ UNICAMP, em Literatura Brasileira, Pós-doutorado em Estudos da Tradução, na DLMUSP e Professora do Departamento de Letras e do Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

    O poema e suas derivas – ou: quando de algo uma escrita não se pode lembrar

    Resumo: O objetivo da exposição será problematizar aspectos relacionados a concepções mais ou menos consagradas do que seria lirismo, do que seriam prosa e seu inverso, do que se dramatiza na escrita de poemas, do que seriam eventuais abismos entre esses antagonismos (?) e multiplicidades. Problematizar concepções mais ou menos cristalizadas e reproduzidas no discurso crítico dedicado ao texto poético, que se costumam delimitar a partir daquela noção primeira (a lírica). A proposição é pensar a escrita poética a partir de um conjunto de tensionamentos e, especialmente, como uma escrita em que se podem discernir relações: relações entre a prosa e o poema (ou o verso); relações entre a enunciação de uma eventual subjetividade (qualquer que seja sua configuração) e o recurso à narratividade e/ou à permanência (ou resgate) da referencialidade; relações entre tal subjetividade (voz?) e alteridades com que / de que ela (io e tú) se possa constituir; relações entre o lírico e o épico (qual épico?), entre o que se narra e o que se encena, ou esfacelamentos de uma(s) e de outra(s) dessas posições em seus cruzamentos, suas intersecções; relações entre o poema singular como matriz de sentido e o livro ou o conjunto como unidade compositiva; tensionamentos e deslizamentos genéricos com ou sem possibilidade de se pensarem hibridismos; deslocamentos como aqueles que enunciam um texto escrito em direção a um leitor, com um leitor em gestos de endereçamento ou de suposição de comunidades derivadas (apoiadas por sobre) (d)a textualidade em que se esboçaram; deslizamentos entre a elevação e a dignidade enunciativas e a busca deliberada do tom baixo, da conversa ao pé do ouvido. Pretendem-se experimentar potenciais rendimentos dessas indagações teóricas e suas derivas, no contexto da poesia brasileira entre o final do século XIX e o XXI, havendo ênfase, em função do contexto da fala, para o trabalho de João Cabral de Melo Neto, em diálogo com outras poéticas do período delimitado.

    Glòria Bordons

    Doctora en Filología Catalana por la Universidad Autónoma de Barcelona (España). Catedrática de Filología Catalana del Departamento de Educación Lingüística y Literaria de la Universidad de Barcelona (España)

    La huella de la poética de Cabral en la poesía de Joan Brossa

    Resumo: João Cabral de Melo Neto fue una figura trascendental para Joan Brossa. Le conoció en 1948 aproximadamente y, gracias a sus conversaciones, el poeta catalán se reafirmó en el surrealismo en el que se habían iniciado tanto él como sus compañeros de Dau al Set (grupo de tres pintores: Antoni Tàpies, Joan Ponç y Modest Cuixart; un filosofo: Arnau Puig; un poeta, Joan Brossa; y el editor Joan Josep Tharrats, que iniciaron una pequeña revista el año 1947). Pero además Cabral les aconsejó que aplicaran al surrealismo un compromiso social y les descubrió el marxismo. Gracias a esto, Brossa dió un giro a su obra. Su libro Em va fer Joan Brossa, publicado el 1951, apareció con un prólogo de Cabral, imprescindible para conocer la importancia del cambio dado por Brossa. A su vez Brossa le tradujo al catalán unos poemas que aparecieron en la revista Dau al set y, tras la partida de Cabral a Londres, se escribieron algunas cartas que evidencian la afinidad de sus miradas sobre la creación artística y literaria. No se reencontraron hasta el año 1993 en Rio de Janeiro, con motivo de la presentación de la Enciclopedia Virada do Seculo que homenajeó tres Joãos: John Ashbery, Joan Brossa y João Cabral. La conferencia que presentaré versará sobre esta relación, la huella de Cabral sobre Brossa, y como este último aplicó a su poesía el compromiso social que le indicó Cabral. Para ello fijaremos nuestra atención en la obra de Brossa de aquellos años y posterior, en la pasión de ambos por Joan Miró, y en las mismas ideas de Cabral expresadas especialmente en el ensayo Poesia e composição que el poeta brasileño leyó en la Biblioteca de São Paulo el año 1951.

    Guacira Marcondes Machado Leite

    Graduada em Letras Românicas pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Araraquara. Preparação da Maîtrise francesa – Université Aix-Marseille (1969-1970). Mestre em Letras (Língua e Literatura Francesa) pela Universidade de São Paulo (1982) e Doutora em Letras (Língua e Literatura Francesa) pela Universidade de São Paulo (1991). Professora Livre Docente pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (a partir de 2000). Professora de Graduação (1971-2014) da Área de Língua e Literatura Francesa e de Pós-Graduação (1990-até hoje) em Estudos Literários da FCL da Unesp de Araraquara. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literaturas Estrangeiras Modernas, Literaturas Vernáculas e Teoria Literária. Orienta Iniciação Científica, Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado sobre poesia, narrativa, tradução. Fundou (1990) e é Coordenadora da Revista Lettres Françaises (Unesp/Araraquara). Líder do Grupo de Pesquisa do CNPq – “O Simbolismo: antecedentes e repercussões”.

    De Mallarmé a João Cabral

    Resumo: Esta leitura pretende estabelecer um percurso entre a obra de Stéphane Mallarmé (1842-1898) e a poesia que pratica, sobretudo inicialmente, João Cabral de Melo Neto (1920-1993). O poeta francês saiu do romantismo, na sequência de Charles Baudelaire (1821-1867), e como aconteceu com a maioria dos novos poetas, lembra P. Bénichou, por efeito de um traumatismo histórico, a posição dos problemas que viviam não foi afetada, mas sim o modo de responder a eles. Agora, uma versão negativa do romantismo ocupou a nova geração, sem Deus nem fieis e o desgosto de si mesmo, praticando a poesia da solidão. Mallarmé vai mais além, e duvida da possibilidade de comunicação com o outro, vendo no silêncio uma espécie de realização suprema da poesia, usando recursos que a colocam fora do alcance do público. Está aqui o início de seu percurso poético, que vai levá-lo a explorar todas as possibilidades criativas e a dar origem a uma certa tradição seguida por muitos poetas depois dele, como acontece com João Cabral.

    Janaína Marques Ferreira Rocha

    Universidade de Santiago de Compostela

     

    Joelma Siqueira

    Doutora em Literatura Brasileira (USP). Professora Associada da Universidade Federal de Viçosa.

    O poeta João Cabral de Melo Neto no Jornal do Brasil de 1940 a 1960.

    Resumo: A presente conferência tem por objetivo discutir aspectos relevantes da recepção crítica da poesia de João Cabral de Melo Neto a partir da análise de como se deu a divulgação de sua obra na imprensa brasileira, sobretudo no Jornal do Brasil, que entre os anos de 1950 e 1960, passou por um processo intenso de reformulação, responsável por torná-lo o periódico símbolo da modernização da imprensa escrita no período. Pretende-se, portanto, contribuir para as discussões sobre o alcance da mídia no campo da produção erudita, tendo em vista a poesia cabralina.

    Leila de Aguiar

    Doutorado pela École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris, Pós-doutorado pela Unesp (FCLar) e pela Unicamp (IEL-IFCH). Profa. Dra. Adjunta IV nos Depto. de Letras e Programa de Pós-Graduação em Letras – Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas/Universidade Federal de São Paulo

    Quando a linguagem é cor. A imagem na poética de Yves Bonnefoy 

    Resumo: Em Notas sobre a cor (Remarques sur la couleur), o poeta francês contemporâneo Yves Bonnefoy insinua que somente percebemos a realidade que nomeamos. Bonnefoy, cuja poética recupera a presença e a imanência da(s) palavra(s), exercita-se em um esforço de descrição que, em algumas das prosas poéticas de Notas sobre a cor, muito se aparenta à multissecular hipotipose. Ali, o que se vê ─ pois que os limites entre texto e imagem perdem seus contornos ─ é um sujeito poético que tenta escapar de um Logos tirânico e autoritário: em Bonnefoy, a verdade das palavras pertence às coisas, está inscrita no mundo. Se não poética referencial, ao menos há na obra bonnefidianna a busca por uma poética do “simples”. Uma poética que se interroga sobre os (des)limites da mimesis.  É, pois, com algumas observações sobre Notas sobre a cor ─ apoiadas em leituras de alguns poemas em prosa desse volume ─ que procurarei demonstrar como coisas, tons, cores, pedras inscrevem-se em um epifania do sensível.

    Marcio Scheel

    Graduado em Letras (Português e Alemão) pela UNESP/FCL (Araraquara). Professor Assistente Doutor, na área de Teoria Literária, da UNESP/SJRP.

    O mundo vale ou não vale o mundo, meu bem? a ideia de mundo na poesia moderna

    Resumo: Como aponta Edison Bariani Junior, em seu livro O labirinto de Dédalos: A ideia de mundo como horizonte da existência (2018), a filosofia e a ciência modernas dedicaram parte de seus esforços teóricos em pensar e compreender de que modo percebemos o mundo, nos relacionamos com ele e, de certo modo, o criamos na mesma medida em que somos afetados por ele, ou seja, em que ele também nos cria. Desde Kant, então, sabe-se que o problema essencial acerca do mundo é que ele é incognoscível em si mesmo, dado a multiplicidade e infinitude de fenômenos que o constituem, logo, não pode ser reduzido a um conceito universal, abrangente e unívoco, atendendo, assim, às demandas tanto da filosofia sistemática quanto da ciência.  Por isso mesmo, nossa hipótese de leitura consiste, na esteira da discussão aberta por Bariani, em pensar que a tradição poética, mormente aquela que, desde Baudelaire, denominamos como moderna, talvez represente um dos terrenos mais férteis para a compreensão das tensas, complexas, mas sempre ricas e significativas relações entre vida e mundo, entre perceber e habitar o mundo, entre compreendê-lo, pensá-lo e, a partir desse gesto, refunda-lo, numa experiência poética substantiva e singular. Assim, se o mundo é o cenário no qual se desenrola nossa existência, se só podemos apreendê-lo em função de nossas vivências, se as experiências constitutivas de nossa vida advêm do mundo que, por sua vez, não pode ser conceitualmente reduzido a um entendimento francamente objetivo, a poesia, por seu caráter imagético, que tende a refletir as coisas por meio da materialidade da linguagem, torna-se um dos instrumentos mais decisivos para pensarmos de que modo habitamos o mundo e ele nos habita, bem como a natureza de nossa existência dada no mundo.

    Márcio Thamos

    Professor Doutor na Faculdade de Ciências e Letras, Unesp, Campus de Araraquara.

    A vocação imagética da poesia

    Resumo: A linguagem artística está profundamente relacionada à capacidade de imaginação do espírito humano. Seja qual for o tema de sua obra, o pintor terá que decidir em minúcias de cores e formas como irá representá-lo na tela. Do mesmo modo, uma ideia, por mais geral, abstrata que seja, realiza-se literariamente através de uma representação concreta, particular, num contexto definido e único. O artista da palavra, em seu exercício lúdico de imaginação, lida com a linguagem a fim de dar a ver aquilo que deseja exprimir. Apresentando principalmente exemplos ligados à poesia da Roma Antiga, nesta fala, pretende-se explicitar até certo ponto a sintética afirmação de Octavio Paz, “El artista es creador de imágenes: poeta”.

    Marcos Siscar

    Professor Livre-docente do Departamento de Teoria Literária – Unicamp

    João Cabral e o Drama da Destinação

    Resumo: No conhecido ensaio “Poesia e composição”, a instância do destinatário é central para se entender a ênfase técnica dada por Cabral à questão da poesia: sem competência artesanal o poeta não é capaz de atender adequadamente à necessidade histórica de seu leitor. Os grandes momentos da tradição poética, segundo Cabral, são épocas em que os autores mostraram capacidade técnica e inventiva para atender a determinadas demandas sociais. Lida cronologicamente, a prosa crítica de Cabral expõe os pressupostos desse ethos poético e a maneira pela qual tal princípio ético paulatinamente se resolve na forma de uma estética particular e na forma de uma política literária relacionada à poesia no Brasil. Caberia recuperar essa instância da destinação e mostrar as dificuldades específicas às quais está confrontada na teoria poética de Cabral – não apenas quando se sobrepõe à ideia tradicional da autonomia da arte, mas igualmente quando perscruta a natureza do imperativo histórico que a justifica.

    Omar Khouri

    Graduado em História, pela FFLCH da USP, Mestre em ‘Comunicação e Semiótica: Literaturas’, pela PUC-SP e Doutor em ‘Comunicação e Semiótica: Artes’, pela PUC-SP Professor Livre-docente em ‘Teoria e Crítica da Arte’, pelo IA-UNESP e Pós-Doutor em ‘Belas Artes’, pela FBAUL (Portugal);
    Professor Adjunto aposentado do IA-UNESP, Departamento de Artes Plásticas e professor colaborador no Programa de Pós-Graduação em Artes, da mesma instituição.

    João Cabral e a visualidade

    Resumo: A visualidade em João Cabral perpassa a sua poesia: de uma ‘arquitetura do verso’ a referências a artistas plásticos cujas obras lhe eram caras, e adentra a fanopeia – “projeção de uma imagem na retina da mente”. Além do mais, o poeta é autor de texto propriamente metalinguístico importante sobre seu amigo Joan Miró. Esta fala procura tangenciar essas questões, e registrar algo de memorialismo.

    Pablo Simpson

    Doutor pela Unicamp, Pós-doutor pela Sorbonne Nouvelle/Usp e Professor do Departamento de Letras Modernas da Unesp/SJRP.

    Sobre “A bailarina” de João Cabral de Melo Neto

    Resumo: Esta apresentação tem como objetivo percorrer o poema “A bailarina” de João Cabral de Melo Neto, publicado em O Engenheiro (1942-1945). A leitura procurará explicitar alguns elementos e temas: as repetições, a metalinguagem, o sonho, os monstros, a imagem, a dança, o caçador, problematizando lugares da crítica do poeta, sobretudo a partir do ensaio dedicado a Joan Miró, com o qual apontou para espaços de criação, liberdade e aprendizado.

    Pedro Marques Neto

    Professor Doutor da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

    João Cabral: o poema como um rio

    Resumo: A consciência da página como espaço de criação e leitura, a partir da massificação do livro impresso, também impacta João Cabral de Melo Neto (1920-1999). Para além do poema curto ou médio enquadrado no retângulo da página, ele produziu textos extensos que parecem testar os limites editoriais. O cão sem plumas (1950), O rio (1953) e Morte e vida severina (1955), se narram trajetórias, têm suas formas distendidas como corpo poético em movimento. O poeta aciona uma tradição oral que tem por centro o cortejo. É o gesto poético-músico-coreográfico – chamado por Mario de Andrade de dança dramática, como a chegança e o congado – que em Cabral surge não como brinquedo coletivo, mas como passo individual. Apaga-se a festividade religiosa, amplifica-se o drama de ente natural, animal ou humano em movência e transformação. Cabral, ainda, cria uma espécie de curso estilístico, baseado antes na seletividade que na profusão de recursos linguísticos. Isso, de um lado, dá identidade ao trajeto, e de outro, aparta o cortejo de seus falares, cantares e dançares. Buscarei mostrar como tais poemas encenam o que é feito da palavra quando removida da arena performática.

    Solange Fiusa

    Doutora em Letras (Literatura Brasileira) pela UFRGS (2000), Docente na Universidade Federal de Goiás (UFG)

    João Cabral e os rastros de uma antologia não publicada

    Resumo: Em 1946, João Cabral organizou, a pedido de Jaime Cortesão, então exilado no Brasil e diretor literário da Editora Livros de Portugal, a antologia De António Nobre ao Saudosismo. Cabral realizou a seleção dos poetas, escreveu o prefácio e entregou a obra, que, entretanto, não chegou a ser publicada, porque, segundo ele, “a Livros de Portugal faliu”; razão que está ainda por esclarecer. Dessa seleta, consegui localizar apenas algumas referências em cartas e depoimentos e o prefácio, ainda inédito. Proponho apresentar os rastros dessa antologia não publicada considerando as relações de Cabral com a tradição poética portuguesa.

    Thiago Buoro

    É professor de língua portuguesa na rede municipal de ensino de Campinas, estado de SP, sediado na Nísia Floresta Brasileira, escola de Educação de Jovens e Adultos. No Campus da Unesp de Araraquara, cursou graduação em Letras e pós-graduação, mestrado e doutorado, em Estudos Literários. Defendeu em 2020 a tese de teor comparatista “A outra direção concretista: o espacialismo de Ilse e Pierre Garnier”. Interessa-se por poesias, teorias poéticas, cruzamentos de linguagens e relações entre palavra e imagem. No campo da criação, já escreveu em versos, compôs poemas visuais e realizou ações de Performance Art.

    Poesia Espacialista francesa: os microformatos

    Resumo: Idealizado pelos poetas Pierre Garnier e sua esposa Ilse, nos anos de 1960, o Espacialismo é o movimento literário francês que corresponde ao Concretismo brasileiro dos irmãos Campos e Décio Pignatari. No entanto, os poemas visuais criados pelo casal Garnier não obedecem aos mesmos princípios artísticos fortemente estabelecidos no cenário internacional pelos poetas brasileiros. Embora se apropriem das experiências inovadoras com a forma, esses poemas se distinguem desde o início por revelar qualidades líricas comuns a grande parte dos poemas em verso da tradição. Entre o verso e o visual, entre o tempo e o espaço, entre o linear e o simultâneo, entre o canto e a inscrição, entre a vanguarda e a tradição, o Espacialismo ocupa o lugar intermediário. E é seu caráter conciliatório mesmo uma das razões pelas quais oferece grande variedade de exemplos poemáticos. Esta comunicação pretende abordar um dos aspectos mais importantes da obra espacialista: a concisão. Na poética dos elementos mínimos, o branco da página possui grande poder significante e intervém efetivamente no poema, assim como o vazio e o silêncio se insinuam no horizonte de sentidos. Letras e signos escriturais são preferidos às frases e palavras completas. Os microformatos criam verdadeiros enigmas, mistérios particulares que surpreendem o leitor pouco iniciado nos caminhos dessa poesia.

    Waltencir Alves de Oliveira

    Doutor em Teoria Literária e Literatura Comparada, pelo DTLLC/ FFLCH/ USP Professor Associado II, da área de Literatura Brasileira e Teoria Literária; do DELLIN (Departamento de Literatura e Linguística), da UFPR.

    João Cabral de Melo Neto, da fome e seu “batalhão de formigas”

    Resumo: A fome, a escassez e a ausência foram figuradas em muitas obras poéticas de João Cabral de Melo Neto. Pretende-se observar de que modo algumas analogias, que aproximam o abstrato e o concreto, possibilitaram ao poeta transpor os limites da simples tematização da fome, tornando-a não só um tema do qual se trata, mas também um princípio regulador da construção da imagem poética. Convertendo, por fim, a escassez em ideal de desbaste da linguagem que se formaliza no poema. A partir da análise de um trecho de O cão sem plumas, de 1950, objetiva-se avaliar alguns aspectos não só da lógica de composição desse livro, mas também de alguns poemas que integram outras obras do poeta.